terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Noite no Cais

Minha boca sedenta ainda sente o gosto
Do doce do beijo dos teus lábios angelicais
Com desfecho comum para esta história
Despeço-me sem glória da moça no cais

Com olhar sereno digo para ires
Depois desta noite não nos veremos mais
Ficará guardado no baú da memória
O tempo que agora ficou para trás

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Brainstorming

A folha em branco
O convite aceito
Uma linha aleatória
O risco no papel
A tinta preta no papel branco
A linha seca
Sem movimento
Pensamento inerte
Sem direção
Um ponto fixo
Uma ideia fixa
Um barulho interno
A caneta na mão esquerda
Outra linha torta
Outro olhar perdido
A parede branca
A porta fechada
Um rabisco de nada

Voo de Liberdade

Se eu tivesse asas
Voaria
Até o fim dos meus dias
Bem pra longe daqui
Talvez pra perto de ti

Não me prenderia ao chão
Não me curvaria à razão
Apenas seria livre
Como um verso modernista

Naufrágio

A morte veio lenta
Devagar e sonolenta
Me levar pra algum lugar
Bem pra lá do além-mar

Num barquinho de papel
Que para o fim da rota singrava
E pra algum lugar me levava
Que eu ainda não conhecia

Quanto mais eu me distanciava
Mais o barco se desfazia
E enquanto minha alma fugia
Eu via a morte se despedir de mim

Do Rio ao Mar

Tem sal no rio
É peixe de água doce
Que não sabia nadar
Que aprendeu a voar

É peixe com pena
Que fugiu pro mar
Em uma bolha de ar
Que eu vi a onda levar

Tempestade em Copo D'água

Tu me deste um gole de felicidade
Tu encheste a taça
Até que transbordasse
Aquela pequena insanidade
De dentro da garrafa

Tu me embebedaste
E só com um pingo causaste
Uma tempestade em copo d'água

domingo, 16 de novembro de 2014

As chamas queimam o corpo
Do ser que é amado e não ama
Que finge que ama pra ter
Seu fogo apagado na cama

Foda-te!

Engole essa porra
Que ejaculas
E prova se é doce
Como tua boca rotula
Enfia no teu cu
Toda tua picardia
E que doa
E que arda
Sem nenhuma anestesia
Se não foi bom para ti
Reclama
Veste a carapuça
E arruma essa cama

Isso É Uma Pornô

Criticas o que escrevo
Achas que tudo é pornô
Então acho-me no direito
De declarar-te o meu amor
És tão sujo
Que a tal linguagem que uso
Não é suficiente para descrever-te
És tão impuro
Quanto os versos mais chulos
Que pensei dedicar-te
Para teu agrado
Tenho cá um bocado
De versos despidos e imorais
Estão todos corrompidos
Mas não ficarão escondidos
Nem enfeitados com arranjos florais

42%

Era uma vez
Lá na terra tucuju
"ele roubou, mas fez"
E todos tomaram no cu
Fim
Eu quero sair dessa cidade
Sentir um pouco de saudade
Deixar o mundo para trás
Mergulhar em águas abissais
Ficar em um canto escondido
De tudo aquilo já vivido
Abrir os olhos e enxergar
O mundo girando devagar

Quando Eu Disser Que Não Te Amo

Quando eu disser que não te amo
Ponha veneno em minha bebida
Jogue ácido em minhas feridas
Provavelmente eu já esteja morto

O Mar

Amar o mar
E não poder tocar
As ondas quebram nos olhos
E transbordam

O mar é imenso
Imenso é amar
O mar que amo
Em que me afogo

Mas nunca vi o mar
Amar é inundar
O mar
E amar
O caminho é torto
O destino é incerto
Quanto mais me distancio
Mais eu chego perto
Pisar no chão dói
A calçada é de pedras pontiagudas
É loucura caminhar sozinho
Em noites escuras
O meu choro é mudo
E abafa tudo
Como se não houvesse nada

Inverso

O verso pode ser o inverso
Daquilo que se diz
Pode parecer feliz
E não ser
Pode transparecer
O que não se lê
O verso não é reto
Ele tem curvas
Ele não cabe no papel
Ele não está lá
Resta a quem o lê
Procurar...

Incômodo

Há um cômodo vazio e desfuncional
Deteriorando-se à espera do bom uso
Caindo aos pedaços a cada ameaça de tremor
A cada alarme falso de amor

domingo, 23 de março de 2014

Os Rostos

Por trás do rosto,
outro rosto.
Este, feio,
aquele, bonito.

Eram dois rostos:
um exibido,
o outro escondido
por trás do rosto bonito.

O que há de feio
está escondido
por trás do rosto bonito.
O que se esconde é o verdadeiro.
O que se exibe é o traiçoeiro

Teus Olhos

Teus olhos ternos são o meu refúgio
Nas noites frias de inverno me confortam
Como portas abertas me convidam a entrar
Num mundo que é só teu
Um mundo em que desejo habitar

Não são necessárias palavras
Com o olhar me convences a ficar
E sem a mínima vontade de hesitar
Eu permaneço aqui ao teu lado

Estrelas Cadentes

Estrelas caíam
Em minhas mãos
Tentei segurá-las
Antes que fossem ao chão
Mas foi em vão


quarta-feira, 12 de março de 2014

Estrada de Chão

Naquela rua deserta,
há um coração quase parando.
Em vão, procurando
quem asfalte esta estrada de chão.