quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Fio

A aranha tece o fio
E prepara tua manta
Para afastar-te do frio
E teu corpo quase morto
Que o predador feriu
Pelo tecido da morte envolto
Com o fio que a Moira partiu

Na Gaiola

Gaiola aberta
Pássaro livre
Mas não quer voar
Tem medo de arriscar
De alçar voo e cair
E permanece ali
Com as asas da mente quebradas

Amor Rima com Dor

É minha sina sofrer
Por este amor não correspondido
Apenas em sonho vivido
Difícil é abrir os olhos e ver
Que apenas sonhei
Que nunca te amei
E os bobos versos que escrevi
Mas que nunca rimei
Eu risquei do papel
Amassei e arremessei

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O Livro do Espelho - Capítulo 1


‎Eu sou um solitário. Talvez seja a minha essência a solidão. Talvez eu me sinta bem sozinho ou apenas tenha me conformado com a minha condição. Estou certo que isso não é porque eu não goste de estar com as outras pessoas, mas gosto de ter os meus momentos e nem preciso estar sozinho pra que isso aconteça.
Alguns podem me julgar excêntrico ou, no mínimo, uma pessoa estranha, mas porque não me conhecem de verdade. Nem eu me conheço ainda, mas estou no caminho. Talvez eu seja apenas a exceção a sua regra.

Meu primeiro dia na escola nova. Era bom eu ir me preparando para ser alvo de olhares curiosos e por possíveis práticas de bullying direcionadas a mim. De certa forma, eu já havia me acostumado com as mudanças repentinas que estavam ocorrendo na minha vida. Essa seria apenas mais uma.

Minha mãe e eu estávamos tentando reconstruir nossas vidas depois do incêndio que destruiu tudo o que tínhamos na cidade onde morávamos. Ainda não consigo entender como a falta de conhecimento e de respeito às diferenças leva algumas pessoas a cometerem tamanha atrocidade. Por sorte, não estávamos lá quando tudo aconteceu, mas tenho certeza que aquilo foi uma forma de dizer que não nos queriam por perto.

Creio que nesta cidade, passemos sem ser notados. A cidade é grande, nem se compara à outra. As pessoas parecem sempre estar com tanta pressa. O tempo parece curto demais para tudo o que querem fazer. Parecem se importar apenas consigo mesmas. Eu prefiro que seja assim. Não vim aqui para fazer amigos. Só quero poder viver minha vida tranquilamente com a minha mãe.

Assim que entrei na sala de aula, logo percebi toda a atenção se voltando para mim. Minha vontade era ir direto para a minha carteira e me sentar, mas a professora não me deu tempo nem de procurar um lugar para mim:

- Olá! Então, você é o aluno novato? Estava ansiosa para apresentá-lo a sua nova turma. Bem, classe, esse é o Evan. Como havia dito antes, ele foi transferido para cá devido a sua mudança para a nossa cidade...

Ela ficou um bom tempo contando toda a minha história para a turma. Contou do incêndio, que eu e minha mãe estávamos passando por maus bocados. Achei aquilo tão desnecessário, mas tive que suportar. Eu sequer conseguia encarar meus novos colegas. Foi muito vexatório ser exposto daquela forma.

Quando a professora terminou seu discurso de boas-vindas, pediu que eu me sentasse. Com passos tímidos fui me direcionando a uma carteira que havia no fundo da sala. Parecia ser o lugar mais seguro para mim, longe do restante dos alunos.

Durante toda a aula, eu não parava de olhar o relógio que havia acima do quadro-negro. Não via a hora de poder voltar para casa e me trancar no meu quarto. Mas o relógio parecia estático, como se o tempo houvesse parado. Quando fui abaixando a cabeça para continuar a fazer as anotações da aula em meu caderno, percebi que uma das meninas olhava para mim, por certo já havia percebido a minha ansiedade. Continuei a escrever e, quando levanto a cabeça novamente, mais uma vez me deparo com seus olhos verdes me fitando. Dessa vez ela sorriu para mim. Eu, sem jeito, desviei o olhar mais uma vez para o relógio na parede.

O sinal toca, mas ainda não é o da saída. Guardo meu material na mochila e me dirijo ao refeitório. Tinha apenas alguns trocados e não daria para comprar muita coisa. Optei por um salgado, embora minha mãe houvesse me proibido de comer besteiras. Estava à procura de um lugar para comer tranquilamente e, quem sabe, descansar um pouco, quando ouço alguém me chamar:

-Evan! Não quer se sentar aqui com a gente?

Era a menina dos olhos verdes que ficou me olhando durante a aula. Ainda não havia compreendido seu interesse repentino em mim. Dessa vez, pude notar o quão ela era bonita, não só por causa dos olhos claros. Eu teria aceitado o convite, se ela não estivesse acompanhada por outras meninas:

- Obrigado, mas eu já estou acabando e já estou voltando para a sala.
- Deixa eu te acompanhar, então?
- Tudo bem!
- Meu nome é Sara!

Assim que nos cumprimentamos, senti um arrepio passar pelo meu corpo. Foi uma sensação muito estranha. Senti como se já a conhecesse antes. Logo em seguida, minha cabeça começa a doer e a minha vista a escurecer...




segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Papel de Presente

Eu ganhei um presente
E como era lindo aquele presente
Embrulhado em papel dolorido
Em fios de teia embaraçado
E pelo medo mordido
Em pedaços cortados
Entre nós dividido

O presente não importava
Mas o papel que o embrulhava
E que escondia a dor do dia
E não mostrava o que só eu via
Quando era noite e eu morria

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Nus, Cama, Ação!

Pegue-o
Alise-o
Balance-o
Beije-o
Chupe-o
Lambuze-o
Goze-me
Engula-me
Ou cuspa-me
Eu gozo-te
Engulo-te
Fodo-te
Fode-me
Fodamos nós

Lua Nua

Musa
me usa
Arranca
minha blusa
Me possua
Sou tua
Me abusa
lua nua

Respire

Inspiração é piração
Pire e inspire
E poesia respire

Design de Interior

Eu penso
e fujo pra dentro
Me tranco e como
a chave no almoço
Me engasgo e vomito
O peito aflito
E costuro a boca
Com o silêncio

Ao Pó

Estou morto
Espero o Sol chegar
E queimar meu corpo
Deixar os restos em cinza
E espalhar na brisa
Misturar com terra
E tornar pó

domingo, 3 de fevereiro de 2013

É Só Bunda

Passar a língua
Lamber a pele
Sugar os lábios
Teus grandes lábios

Molhar os dedos
Entrar e sair
Introduzir
E gemer

Gritar de dor
Mas não é dor
Fazer amor
Mas não é amor
É pra ser
É prazer
Apenas prazer

É só bunda
Então não confunda
É só bunda

Diga: Volte!

Ouço tua voz.
Eco em minha cabeça.
Aperto o replay.
A mesma cena várias vezes:
"Vai embora!"
E eu fui...
Mas não queria.
Discussão boba.
Eu fui bobo.
Você também!
Você disse que era amor.
Eu nunca duvidei que fosse.
Tudo se complica.
O ciúme toma conta.
Cegos fomos!
De amor?
De ciúmes?
Volta tempo?
Palavras não voltam
Diga: volte!

Nu

A natureza é arte divina
A nudez é natural
O corpo é o fruto proibido
A natureza é poesia divina
A nudez é o fruto proibido
O corpo é natural
A nudez é arte divina

Dor: Parada Obrigatória

Deitada no banco da parada
Esperando a dor passar
Que fosse passageira
Que ao passar deixasse inteira
Quem não fez sinal para parar

Mata-me Um Pouco

Mata-me um pouco
Perfura-me com tua lança
Faça o fluido jorrar
Sobre a minha face
Sobre o meu corpo desfalecido

Pelo esforço fui vencido à força
Mas nesse jogo eu não perdi
Foi bom morrer sobre você

Veja a satisfação
Desenhada na minha face
Veja as perfurações ardendo
E o fluido escorrendo
E meu corpo morto no instante
Até o despertar pelo beijo

Como foi bom morrer de amor novamente