terça-feira, 31 de julho de 2012

Andarilho

Minhas retinas fatigadas
De tão cansadas não veem nada
Embora seja difícil caminhar
A recompensa não está em chegar

Se a Terra gira
É pra não parar
Que outro dia virá
Se eu também girar


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Terror Noturno

Minha alma mergulha na tenebrosa noite
Apavorada por onomatopeias sombrias
Os calafrios me sucumbem como açoites
Arrancam-me a pele pálida e fria

O terror dilacera minhas fracas veias
Manchando as vestes rasgadas e imundas
Num devaneio permeado de pinturas feias
Em que um mar vermelho sangue inunda

Debato-me desesperadamente
Sinto o fôlego acabar
Submerjo lentamente
Até meu corpo despertar






O Fetiche do Coração

O coração é traiçoeiro
Sofre de amores o ano inteiro
E mesmo sofrendo não se comporta
É capaz de se enforcar com sua própria aorta


sábado, 28 de julho de 2012

Aquarídios

Riscos amarelados
Incendiados
Cruzando o céu estrelado
Na madrugada fria

Artifícios mágicos
De um encontro trágico
Chuva de gotas douradas
Antecedendo a alvorada


Jogo de Sombras

Meus olhos
Teus olhos
Nossas almas
Conversam
E se completam

Entre olhares
Não percebem nada além
Tua linha no horizonte
Meu ponto de fuga
Em meu paradigma se conjuga
Toda a beleza do teu ser

Com compasso
Desenho tuas curvas
Jogo de sombras nuas
Acessas
Entre os lençóis de seda


Pra Fora


O verso vagava errante
Seu destino era incerto
Confundia-se ente outros pensamentos
Fúteis e sem importância

Era preciso distingui-lo
Abrir-lhe caminho
Mostra-lhe a luz
Dar-lhe a vida
Fora de mim

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Parasita

Incompleto
Repleto de um vazio
Que preenche
E envolve o corpo todo
Que cresce
Suga as forças
Toma o controle
E me despeja do meu Eu


Encontro Cósmico

Encontro marcado
Nas estrelas desenhado
Almas interligadas
Em outras vidas emaranhadas

Junção cósmica
Conduzida ao infinito
O verso no universo
Já escrito


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Expectativa

Ansioso
Celular na mão
Mensagem ou ligação
Na expectativa
De um retorno possível

A noite chega
Ao lado dela o desespero
Por causa dela
Me desespero
E espero

Eu suo frio
Roo as unhas
Arranco os cabelos
Quase careca me olho no espelho
E me revolto quando finalmente percebo
Que o celular havia descarregado

O Filho da Puta

A puta que te pariu
Não era puta
Pois tinha brio
Virou puta no infame dia
Em que tua outra face eu conhecia

terça-feira, 24 de julho de 2012

Episódio Depressivo

Eu tive medo de pular
Faltou coragem pra arriscar
O arrependimento me empurrou
E pro fundo do abismo me jogou

Agora que você não está lá
De braços abertos pra me salvar
Que ao menos eu tenha um pouco de sorte
E que não me aparem os braços da morte


Poema Reciclado

Mais um poema de amor
Não correspondido
Não lido
Não vivido

Mais uma dose de sentimentalismo
Alcoolizado
Barato
Rabiscado
Em papel usado





segunda-feira, 23 de julho de 2012

Conexão Acasual

Algo invisível
Me une a você
Elo imperceptível
Ligação imperecível
Que transcende

A distância relativa
Os nossos corpos magnéticos
Forças incidindo sobre nós
Antes e após


sábado, 21 de julho de 2012

Poema Esquerdo

A mão torta
Não importa
Nada de errado
Daqui deste lado

O traço imperfeito
Não denota defeito
Nem tudo é direito


Inverno

As gotas d'água
se confundem com as da mágoa
E ninguém percebe a chuva
que só chove em mim


Mordaça

Em silêncio
Palavras clamam por liberdade
É pecado
Blasfêmia
Ou coisa do tipo

Dogmas não me permitem dizer
Pensamentos
Na minha mente
A oficina do diabo

Prostrado
Em face do sagrado
Amordaçado
O caminho para a salvação
E vaga no Céu garantida


Divagações

O tempo me tirou você
Mas você nunca pertenceu a mim
Em meus sonhos
Talvez

Em meus pensamentos
Teu vulto
Mergulhado em meu consciente
Quase inconsciente
Mergulho atrás de você
E me afogo


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Licença para Construção

Um sorriso apenas
Meu coração entregue a ti
À dor de amar tu me condenas
À qual não posso resistir

Mas eu não quero resistir
Quero permitir
Que tu te aposses de mim
E em mim comece a construir

O Pavão

O meu corpo vou mostrar
Exibir pra te excitar
Várias poses vou fazer
Pra teu fogo acender

O meu prazer é perceber
O teu desejo aumentar
A tua boca a salivar
Os teus olhos a me comer

Se desejares me tocar
E tua volúpia saciar
Terás que me convencer
E fazer por merecer



P.S.: Dedicada a B.Senna


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Motivos Florais

Amor possível
mas distante
Intangível
e flutuante
No quadro
imaginado
em traços
surreais
De um colorido
distorcido
Com motivos florais



terça-feira, 17 de julho de 2012

Coração Vagabundo

Sentimentos confusos
Pés pelas mãos
Amizade?
Amor?
Paixão?

O que será de um coração
Que não distingue sim e não?
Se entregar aos braços da solidão?

Desesperado
Em meio ao fogo cruzado
Correr pra qual lado?

Poema Amassado

Lágrimas secas
Folhas de papel amassadas
Jogadas
Eu
Na cama
Jogado
Também amassado
Luz do quarto apagada
E mais nada
Só a escuridão me embrulhando
E o silêncio contando histórias pra eu dormir



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Faca de Dois Gumes

Arranquei meu coração
E no lugar pus uma pedra
Que não pulsa
Mas que sangra e fere

R.I.P.

Todos iguais
Se não fosse assim
Seria melhor
Mais uma vez
Me deparo com um fim
Sem começo

A insensatez
Me guiou até aqui
Mas agora
Descanse em paz
Em mim
Não jaz mais

sexta-feira, 13 de julho de 2012

13 Versos

Espelho
quebrado
Sete anos
azarado
Debaixo
da escada
Na encruzilhada

Gato preto
amedrontado
Passou do meu lado
Me pôs mau-olhado

Arrepio até no osso
Haja banho de sal grosso

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Bumerangue

O que vai
Volta
Mais forte

Ação
Efeito
Causa
Reação
Universo
Em conspiração

Por acaso
Nada acontece
Energias em sintonia
Fluxo e refluxo constantes
Balé das marés

Efeito Placebo

Cure a minha dor
Uma dose de você, por favor!
O princípio ativo do meu amor



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Deep Throat

Quero perder-me nesta gruta
Sentir o vazio sendo ocupado
E meu tesão sendo engolido

Com meu membro
Preencher-te
E com meu gozo
Sufocar-te
Perfurando-te
Com a lança de Marte

Transação

Convite aceito
Embora nunca tenha feito
É sempre bom experimentar

Ao teu lado eu me deito
Em teu leito eu me ajeito
E começo a te alisar

Não encontro defeito
Parece tudo perfeito
Não tenho do que reclamar

Em teus lábios me deleito
A tua luxúria me sujeito
Só pra poder te amar

Náuseas

Vejo mentiras por todo os lados
Regurgitadas por uns
E engolidas por outros
Com tamanha facilidade

Falácias rotuladas como verdades absolutas
Mentiras alimentando mentiras
Pessoas enganando as aparências






terça-feira, 10 de julho de 2012

Nihil

Somos nada
Do nada viemos
Ao nada voltaremos

Partículas desprezíveis
Que o vento joga pra qualquer direção


Eu-lírico

Acho mais do que justo falar de mim mesmo,
Aproveitar este momento e mostrar minha indignação:

Quero emancipação!
Poder viver neste mundo livremente!
E não depender da inspiração do poeta
Pra poder existir

Quero amar, sofrer, viver, ser livre
E não apenas fingir
O que o poeta diz sentir
Pois ele não sente nada
Sou sempre eu que faço o trabalho sujo

O poeta faz de mim o que quer
Me arranja amores, me empurra dissabores
Me expõe ao ridículo
Me encarcera em métricas perfeitas
Me obriga a rimar quando eu não tô a fim!

O que será dele sem mim?







Era uma vez o poeta...

domingo, 8 de julho de 2012

Não Sei Nadar

Não posso dizer que te amo
Pois sei que não me amas
E meu orgulho não me permite

Talvez um dia (quem sabe?)
Eu tenha coragem de levar um fora teu
Mas sei que as coisas não seriam como antes

Embora tenha certeza dos fatos
Das consequências das minhas atitudes
Existe uma gota de esperança perdida no mar

Ela e eu morreremos juntos
Afogados em minhas lágrimas

Anjos da Guarda

Eu poderia te amar, meu anjo?
Ser teu?
Ficar sob tuas asas?
Ir contigo até o céu?

Poderíamos fazer amor nas nuvens?
Namorar nos campos edênicos?
Mesmo eu tendo sido banido
Poderia ser teu anjo da guarda?

Banho de Gato

Lambuzei teu corpo
Dos pés até a cabeça
Passei minha língua
Nos mais recônditos cantos
Mordisquei teus mamilos
Deixando-os excitados
E teus gemidos foram confundidos
com miados de um gato no cio


De Ana

Tu querias pela frente
Eu insistia por trás
Não sejas assim tão resistente
Se o me negas
Quero-o mais

Em quatro membros
O teu apoio
No quinto membro
Só meu o prazer
E se te serve de consolo
Tenho meus dedos a oferecer


sábado, 7 de julho de 2012

Bico de Carne

Um urubu
No caminho
Na minha mente
O receio
De que ele quisesse pegar
Minha comida entre os detritos



O Ser Gauche na Vida

Fora do eixo
Uma peça que não parece pertencer a este jogo
Nem sei como jogar
Não me ensinaram as regras
Fui colocado no tabuleiro
Movimentos pré-definidos
Por mim não conhecidos


Calíope

Notas etéreas
Vibratos ressoando
Eu recebendo o teu canto
E contemplando
A musa majestosa
Que inspira os meus versos
Sublime melodia que ecoa no universo


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Clown

Fiz gestos vários
Desordenados
Desengonçados
Escorreguei
Caí de bunda
E nada

Peripécias
Improvisos
Sem sucesso
Teu riso
Minha força motriz


Dandelion

As palavras saem de mim
Com vontade própria
Tomam rumos diversos
São errantes
Perdem-se em universos
Distantes
Revelam um verso controverso
E sentimentos dispersos


terça-feira, 3 de julho de 2012

Pausa para um Drinque

Toca-me
Sinta os meus poros eriçados
O meu desejo dilatado
Apropriando-se de ti

Suga-me
Acelera minha respiração
Leva-me ao auge da excitação
Beba em minha taça sem hesitação


Tratado sobre o Sistema Límbico

Sentimentos não pedem licença
Indisciplinados e irracionais
Sem lógica!
Teorizar pra quê?
Sentir sentimentos
Sentindo sem sentido




segunda-feira, 2 de julho de 2012

Devaneio...Nº05

Adoro me sentir assim,
recomeçando,
aprendendo a viver...
Não seria capaz disso,
se você não tivesse aparecido...
A luz no fim do túnel;
A luz que me guiou a um novo rumo,
também incerto...
Qualquer risco é permitido
e necessário...
Pra quem quer ser feliz:
Coragem!







domingo, 1 de julho de 2012

Ida ao Oftalmologista

A cegueira passou
O que não era nítido
Agora vejo em alta resolução

Os detalhes ignorados
Os defeitos encobertos
Vieram à tona quando a venda caiu
E o meu mundo também caiu

A neblina que embaçava minha vista
Criava uma imagem idealista
Uma realidade antes distorcida
E agora descabida

E se o que eu vejo
É o que realmente és
Maldito o desejo
Que me prostrou aos teus pés





Blindem o Meu Coração

Batimentos aflitos
Em pensamentos contritos
Nos conflitos travados
Um miocárdio dilacerado

Sua fragilidade faz-me vulnerável
Degradável e comestível
Por traiçoeiras paixões engolido e digerido

Quero-o blindado
Hermeticamente fechado
E guardado com todo o cuidado