sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Metamorfoses Mudas

Eu mudei?
Eu mudei
E não me dei conta
De como as coisas
Também mudaram
De como as pessoas
Também mudaram
Tudo muda
Todos mudam
Todos mudos
Mudaram


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Pedra Dura

Bate dura
Pedra dura
Bate e fura
Bate no peito

A dor atura
Desfaz armadura
Pedra fura
E fere de jeito

A fera dura
Pedra impura
Bate armadura
E fere o peito

A dor fura
A pedra dura
Que bate no peito


Meretriz

Fui de muitos
Agora tua meretriz
Apenas tua e nua
Foi quem me quis
Teu toque acentua o desejo
E na pele tatua
E não há dinheiro
Que compre o teu beijo

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Folha Morta

A folha cai
Livre e morta
Sopro da vida que vai
E sai pela porta torta
É a lágrima que esvai
Que o olho aborta
E que do peito extrai
E de mim recorta


Vou

Vou deixar partir
O que é parte de mim
Vou deixar ir
O que eu quero aqui
Vou acordar do sonho
E sonhar estar acordado
Vou sair de perto
Querendo estar bem ao lado
Vou tentar fingir que não importa
Mesmo que saia por aquela porta
E se voltar pra mim
Que a resposta ainda seja sim

domingo, 9 de dezembro de 2012

Destino Você

Sentado à beira da estrada
Sozinho e olhando pro nada
Espero a condução chegar
E me levar pra qualquer lugar

Eu preciso acreditar
Que até você ela me levará
Mesmo que seja uma longa jornada
E que me leve do nada ao nada

sábado, 8 de dezembro de 2012

Sinais

Falo pouco
No silêncio
Falo muito
Decodifique
As feições
O sorriso
Sem graça
O olhar
Fugidio
Pelos cantos
Arredio
O tremor nas mãos
Que transpassa
E o passo vão
Que descompassa

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Verso Curvo

O verso curva
Na linha curva
Em concreto armado

As colunas flutuam
Como plumas
Sobre o planalto

A linha do horizonte curva
No universo curvo
No traço desenhado

O verso curva
À linha curva
No universo curvo

(Imagem: Oscar Niemeyer in NIEMEYER, Oscar. Diante do nada, 1999.)


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Minha Arte

A minha arte
Como encarte de mim
Faz parte
Faz sentido e não faz
É liberdade
Pra pensar
Pra exprimir
Pra interpretar

E o que é arte?
E quem define?
É ver?
É sentir?
É do nada extrair
E significar?
É a superfície extrapolar?
É sair de um ponto
E a outro ponto chegar?
Ou nem sair
E nem ficar?


Fome

O homem
Com fome
Come
Se não come
Some

sábado, 1 de dezembro de 2012

Incerteza

Pra qual direção
o vento sopra?
E se eu estiver indo
pro lado errado?
É a incerteza
nos pensamentos inundando?
Seria o amor
no meu peito sangrando?

Não quero outra dose
Esse drinque não me cai bem
É overdose de sentimentos
Um pouco de alegria e sofrimento
Às vezes doce e também azedo

Não vou encher a cara
Mas encha a minha cara
Com teus beijos
Ou com tapas durante as brigas

Só preciso acreditar
Que vai valer a pena...


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Re-

Me joguem ao vento
Sou folha que caiu no outono
Entre outras folhas caídas
Fora do tempo

A flutuar
Até a chuva a passar
Metamorfosear e crescer
E em novo dia florescer



Respingos

Cai um pingo
Dois pingos
Vários pingos
Respinga em mim

Respinga o sangue
Respinga a lágrima
Respinga a chuva

O corpo estranho
Aos poucos afunda
E no fundo descansa
E nada e nada

Se fossem cinzas
Jogadas no rio
Pelas marés
Misturada à lama
Não o encontrariam
Não me encontrariam
E seu repouso seria em águas







segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Versos em Papel Higiênico Usado

A primeira vez que te vi
Tive vontade de vomitar
Mas quando me apaixonei por ti
Engoli meu próprio vômito
Você achou nojento
E se separou de mim
Casou com outro
Um tarado
Que mijava em você
E também batia
Só gozava com parafilia
Até que você enjoou
E se separou dele
E voltou pra mim
Mesmo mijada ainda te quis
Pois eu te amava
E em ti também mijava
Pra te ver feliz

Tatuagem de Henna

Pra provar teu amor,
o meu nome tatuou
em teu peito.

Mas que pena!
Até o teu amor
era de henna.

O Grande Amor de Hoje

Qual o nome do meu amor?
Eu não sei!
Transei com ele ontem à noite,
nem perguntei.
Nem sequer falei!
Apenas gemi
e uns palavrões, talvez.
Se ele me disse,
esqueci!
Apenas fodi.

sábado, 24 de novembro de 2012

Verso Livre

Eu perdi a razão
Em algum lugar daquela rua
E cadê a disposição pra procurar?

Se der na telha
Eu tiro a roupa e corro nua
Bato na cara de quem tentar me censurar

Se eu quiser
Eu corro nua até na lua
E não caberá a ninguém me julgar

Que a minha vida é verso livre
E só cabe a mim rimar



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A Faca na Mesa

Em cima da mesa
Uma faca
Recém-usada
Carne cortada

No chão frio
Corpo frio
Antes o calor
Antes o amor

No chão a dor
Ensanguentada
Tapete amarrotado
Móveis deslocados

O fio da faca
A vida por um fio
Que a Moira corta
O corte frio

Atrás da orelha
A dúvida coça
Engula tudo
Oculte o corpo

Ato vil
O corte frio
Ninguém viu
No chão frio
De repente
O corpo frio
Insana mente





Meu Sonho

Era um sonho
O despertador me disse
O travesseiro também

Caí da cama
A dor é real
Outrora cairia em teus braços
Ou nem me deixarias cair

A noite é meu refúgio
Ninguém me vê nesse escuro
Vultos me perseguem durante o dia
E eu fujo da luz
Tu eras minha luz
Agora só quero dormir


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A Cadeira Quebrada

Sobre aquela nuvem
Em forma de coração
Havia uma cadeira quebrada

Era cadeira de balanço
Que não balançava
E que embalava o ex-amor

Sobre a cadeira quebrada
O céu era azul
A noite estrelada
E os pássaros voavam
Além da estratosfera
E nos galhos pousavam
À espera

Felizes cantavam
Os beijos embalavam
Mas quando a cadeira quebrou
Partiram para o sul

Sobre aquela nuvem
Em forma de nada
Havia uma cadeira quebrada
Que partiu para o sul


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Lâmpada Acesa

Apago a luz.
Não transava com luz acesa.
Seu sexo era tato
e imaginativo.
Quase nem gemia,
mas eu sentia,
na pele,
gritos de tesão
suados.
Selvagens
no cio.
Um bebendo na taça
do outro
na quarta casa
do zodíaco.

Ó, minha puta de virgem!
Apague a luz e vamos dormir!





Reticências

Tarde quente
Você frio
Fiz um café pra nós dois
Açúcar ou adoçante?
Você amargo

Ligo a TV
Você desligado
Eu pergunto
O que houve?
Você não diz nada
Me sobram as reticências
...


domingo, 18 de novembro de 2012

Em Cena

A luz refletida
Em nossos olhos distorcida
E não somos capazes de ver
E apenas supomos

Nos bastidores está a verdade
Como segredo ainda não revelado
E no palco a realidade é em drama
Então merda pra todos nós


sábado, 17 de novembro de 2012

Passional

O veneno que injetei em tuas veias
Escorre como lágrima em minha face
É reação que em mim desencadeia
Como se um mero sofrimento a mim bastasse

O arrependimento é um antídoto sem efeito
Eu carrego tua agonia em meus braços
Com um tumor maligno em meu peito
Meu coração agora bate em descompasso

O tempo passa e o meu corpo irá murchar
Tal qual flor abandonada no canteiro
Sem a alegria do teu beijo a regar
Sou como os restos de um cigarro no cinzeiro


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Interlúdio

Se tudo que começa acaba
Se todo começo aponta para o fim
Que entre o lá e o cá
Eu ria mais do que chore
E se for para chorar
Que seja por cortar cebolas


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Balé Mortal

Passos miúdos
na corda bamba
A morte de um lado
e do outro também

São fios invisíveis
que seguram o meu corpo
meio morto e sem direção

Sobre o penhasco
eu caminho o risco
Desequilibrando
em balé mortal

Cada movimento
um simples rabisco
Compondo com queda
a arte final


No Bar da Esquina

Fui ao bar da esquina
decidido a me embriagar.
Bati com força no balcão,
gritando um ou outro palavrão
"Garçom, desce uma aqui!"

Me trouxe um copo vazio
e quis conhecer minha desilusão.
"Vá cuidar da tua vida, caralho!"

Se recusou a me servir.
Joguei o copo no chão.
"Então vou quebrar tudo aqui!"

Com o caco de vidro na mão,
avancei pra cima do garçom.
Revirei mesas e cadeiras.
"Vou te ensinar uma lição, seu filho da puta!

Ouvi alguém gritar:
"A polícia chegou!"
Vieram pra cima de mim,
mas eu consegui me esquivar

"Parado aí!"
Se alguém disse, eu não ouvi
Só ouvi o disparo que me acertou
"Eu só queria encher a cara, porra!"


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Necrópsia

No toque da pele pálida
Fria e morta
Eu frio
Com a lâmina na mão

Vou invertendo
A ordem dos fatores
Dilacerando os fios condutores
Cuspindo pra fora o teu Eu
Em sangue negro


Fragmentos

Pelos

cômodos

da casa

Há pedaços

de ti

E

sobras

...de mim


(Imagem de divulgação do filme "Perfume: The Story Of A Murderer",2006)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Vazante

Eu abri a porta
E o deixei entrar
E o vazio de antes
Como maré vazante
Vazou

O rio de lágrimas
Onde eu costumava nadar
Em maré baixa e águas salgadas
Secou no encontro com o mar


(Ins)pirações

De onde vem
o Big Bang?
Vem de algo
ou de alguém?
Que inspira
e expira o que vem?
Se de mim
ou de outrem?

É geração espontânea?
É do nada que vem?
É de gênese instantânea
que vai e que vem?
Que se tem
e não se tem?


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Naftalina

Na minha gaveta guardei
As palavras que não fui capaz de dizer
Escondia-as debaixo das roupas
Em companhia das naftalinas

O papel irá envelhecer lá
E eu irei morrer cá
Desaparecer
Como as naftalinas


O Copo de Vidro

O copo de vidro
Nas minhas mãos
Caiu e quebrou

Pra me redimir
Peguei os estilhaços
E os engoli
Com um pouco de água
Pra ajudar

A cada gole
O incômodo interno
Refletida nas minhas feições
A dor


domingo, 11 de novembro de 2012

Cabelos Negros ao Vento

Os cabelos negros soltos
Sobre os ombros revoltos
Conduzidos pela brisa
Paralisam em contemplação

Como fios com seda envoltos
Sem artifícios coloridos
Tingidos com pincel divino
Como a negrura da noite estrelada


O Homem na Caixa

As paredes de papel
Na caixa fechada
Embaixo da cama
A caixa esquecida

Dentro dela
Um homem
Isolado
Em quatro lados

Não há portas
Nem janelas trancadas
As amarras são invisíveis
As grades intangíveis

Não era a caixa que estava fechada
Era o homem na caixa
Esquecido



(Imagem da tela "Head IV" de Francis Bacon)


sábado, 10 de novembro de 2012

A Primeira Vez Que Vi Tua Bunda

A primeira vez que vi tua bunda
Não há amnésia que me faça esquecer
O quão era profunda
A vontade oriunda do meu íntimo ser

E se era grande e de tão grande que abunda
De uma circunferência que inunda
Vejo que vaga
Que vaga a bunda


Dar e Receber

Ela dava pra mim
E como dava bem
Com a mesma disposição
Dava pra outros também

Em qualquer que fosse a posição
Pra dar
Não dizia não
Era só abrir a mão

Descolorir

Eu gozei teu olhar
E num piscar me entreguei
E nas ondas do teu mar mergulhei

Sem saber nadar
Eu pulei
Esperando você me guardar
Onde te guardei

O que pra mim era azul
Pra você era incolor
Eu pintei um amor
Que você não rabiscou

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Amor Urgente

O meu amor é urgente
Não se contenta com o depois
Só vale o agora, o tempo presente
Talvez lá na frente não haja nós dois

sábado, 3 de novembro de 2012

Desvirginal

Rua escura
Carcaça nua
Em decomposição

A carne crua
Devorada pelos vermes
Que outrora inertes
Esperavam sua hora

Objeto de luxúria
Agora em desuso
Em prazo de validade atingido

Rótulo tingido com o sangue
Nos cortes como xilogravuras dérmicas
Que selam o rito de passagem


Eu e o Caos

Minha mente
Um caos
As ideias desconexas
Se chocam
Provocam explosões
Que ganham proporções
E ecoam
Vagueiam no universo
Quase insano e perverso
De um Eu
Que não é meu
Mas me compõe


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

1º de Novembro

Novembro chegou
A dor continua
A dor de um outubro alheio
Que não veio
Mas foi

Foram lembranças
Que tentei esquecer em algum canto
E no mar de pranto afogar

Risquei outubro com caneta vermelha
Pintura abstrata no calendário
Já que tudo é relativo
Que o tempo passe rápido
E todos os santos digam AMÉM!


terça-feira, 30 de outubro de 2012

Amor Desperdiçado

Deixa-me embriagado
Com tal amor desperdiçado
Passos curtos doloridos
Em teu jardim florido

E se a consciência se esvai
E com a lágrima cai
Amanheço no chão
Jogado
Em qualquer canto
Esquecido


domingo, 7 de outubro de 2012

Ímpar

Desejo o par
Dispenso o ímpar
O irregular não se equilibra
Se mais pra cá
É menos pra lá

Centro de gravidade
Distante da obviedade
Não se encontra facilmente
Mesmo com persistência

E simplesmente
Não quero ser divisível por 2
Me dividam pelo nada
E terão a unidade

Mas 1 é ímpar
Como fazer pra torná-lo par?


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Concerto a Quatro Mãos

Os cortes choram
E lágrimas vermelhas escorrem
Sem pressa
E morrem
Num compasso que dilacera
E o andamento encerra

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Durante o Intervalo

O tempo era pouco
O nosso desejo era muito
Em um piscar de olhos
Teu corpo possuído pelo meu
Tuas carnes misturadas às minhas
Nossas pernas concorrentes
E nossos tecidos aderentes
...
15 minutos passados
Devidamente gozados

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O Talho

Lãmina afiada
Corte na carne
Divisão em partes desiguais
Artisticamente fatais
O todo não é mais todo
E os pedaços carnais
Encarnam-se em outros mortais


sábado, 22 de setembro de 2012

Minutos Líquidos

Entre os meus dedos escorre
O Tempo
Corre
Como se estivesse atrasado
Pra algum encontro marcado

Eu aqui sentado
Com os minutos contados
Apenas cansado
De sempre vê-lo com pressa


Buraco da Fechadura

O prazer em ver
Não em tocar
Imaginar e sentir
O que poderia ser
Mas de fato não é

Apenas uma fantasia
E um gozo superficial
Pois justiça com as próprias mãos
Não é justiça de verdade


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Oásis

Teu corpo fala
Sou todo ouvidos
A tua proposta indecente
Meu corpo decifra os enigmas
Encobertos por tuas roupas
Enquanto meus lábios sedentos
Bebem os teus

Com mãos habilidosas
Estímulo e resposta
E os lábios sedentos
Descem à procura de outra fonte

Sigo o caminho da perdição
E me perco
Mas encontro o oásis
Entre as dunas do deserto

sábado, 11 de agosto de 2012

Vitrina

Produto exposto
De mau gosto
Sem rosto
Na vitrina

Entre um outro
Anteposto
Com o desgosto
Combina

Pressuposto
Na embalagem
Composta
Em miragem


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Beijo de Língua

O botão desabrocha róseo
E meus dedos a dedilhá-lo
Compõem a sinfonia em teus suspiros

Alas abertas a convidar-me
A teus outros lábios beijar
Também com beijo de língua


domingo, 5 de agosto de 2012

Por Detrás do Teu Beijo

Entre amores e dissabores
Espinhos e flores
A ferida aberta
Que o beijo encoberta

Sigo-te aonde fores
Atrás do néctar dos beija-flores
Que o meu êxtase desperta
Em tua boca entreaberta

Nesta pintura faltam cores
E nos nossos bastidores
Há uma rua incerta
Escura e deserta


sábado, 4 de agosto de 2012

Língua Paralítica

As palavras não saem
Retraídas
me traem
Causam ânsia de vômito







Cena do Crime

Lama sob os pés
Pegadas sujas
Casa revirada
Vida bagunçada

Cortinas tons pastéis
Decorando paredes imundas
Rabiscadas com sangue
Manchadas

Foram-se dedos e anéis
Restou a carcaça nua
Atirada no chão da sala









quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Orgasmo Poético

A caneta toca o papel
Excitando-o
Tatuando em sua pele
Versos em estrofes nuas
Grafando carícias rimadas
Soantes ou toantes
Intensas

Cada verso
Um urro de prazer
E um gozo
Que explode
E não se pode reprimir


terça-feira, 31 de julho de 2012

Andarilho

Minhas retinas fatigadas
De tão cansadas não veem nada
Embora seja difícil caminhar
A recompensa não está em chegar

Se a Terra gira
É pra não parar
Que outro dia virá
Se eu também girar


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Terror Noturno

Minha alma mergulha na tenebrosa noite
Apavorada por onomatopeias sombrias
Os calafrios me sucumbem como açoites
Arrancam-me a pele pálida e fria

O terror dilacera minhas fracas veias
Manchando as vestes rasgadas e imundas
Num devaneio permeado de pinturas feias
Em que um mar vermelho sangue inunda

Debato-me desesperadamente
Sinto o fôlego acabar
Submerjo lentamente
Até meu corpo despertar






O Fetiche do Coração

O coração é traiçoeiro
Sofre de amores o ano inteiro
E mesmo sofrendo não se comporta
É capaz de se enforcar com sua própria aorta


sábado, 28 de julho de 2012

Aquarídios

Riscos amarelados
Incendiados
Cruzando o céu estrelado
Na madrugada fria

Artifícios mágicos
De um encontro trágico
Chuva de gotas douradas
Antecedendo a alvorada


Jogo de Sombras

Meus olhos
Teus olhos
Nossas almas
Conversam
E se completam

Entre olhares
Não percebem nada além
Tua linha no horizonte
Meu ponto de fuga
Em meu paradigma se conjuga
Toda a beleza do teu ser

Com compasso
Desenho tuas curvas
Jogo de sombras nuas
Acessas
Entre os lençóis de seda


Pra Fora


O verso vagava errante
Seu destino era incerto
Confundia-se ente outros pensamentos
Fúteis e sem importância

Era preciso distingui-lo
Abrir-lhe caminho
Mostra-lhe a luz
Dar-lhe a vida
Fora de mim

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Parasita

Incompleto
Repleto de um vazio
Que preenche
E envolve o corpo todo
Que cresce
Suga as forças
Toma o controle
E me despeja do meu Eu


Encontro Cósmico

Encontro marcado
Nas estrelas desenhado
Almas interligadas
Em outras vidas emaranhadas

Junção cósmica
Conduzida ao infinito
O verso no universo
Já escrito


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Expectativa

Ansioso
Celular na mão
Mensagem ou ligação
Na expectativa
De um retorno possível

A noite chega
Ao lado dela o desespero
Por causa dela
Me desespero
E espero

Eu suo frio
Roo as unhas
Arranco os cabelos
Quase careca me olho no espelho
E me revolto quando finalmente percebo
Que o celular havia descarregado

O Filho da Puta

A puta que te pariu
Não era puta
Pois tinha brio
Virou puta no infame dia
Em que tua outra face eu conhecia

terça-feira, 24 de julho de 2012

Episódio Depressivo

Eu tive medo de pular
Faltou coragem pra arriscar
O arrependimento me empurrou
E pro fundo do abismo me jogou

Agora que você não está lá
De braços abertos pra me salvar
Que ao menos eu tenha um pouco de sorte
E que não me aparem os braços da morte


Poema Reciclado

Mais um poema de amor
Não correspondido
Não lido
Não vivido

Mais uma dose de sentimentalismo
Alcoolizado
Barato
Rabiscado
Em papel usado